terça-feira, 19 de março

Quais os benefícios de um pastor transmitir autoridade para a igreja?

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Ao longo dos anos, Mark Dever, pastor sênior da Capitol Hill Baptist Church em Washington, D.C., já teve muitas oportunidades de acumular autoridade, algumas das quais ele mantém, muitas das quais ele distribui. E o jeito de ele distribuir autoridade moldou a cultura de nossa igreja de incontáveis maneiras.

Aqui estão 20 maneiras através das quais ele distribui autoridade, seguidas por 10 maneiras que isso molda a cultura de nossa igreja. Algumas se aplicam apenas a pastores presidentes; muitas se aplicam a todos nós.

Maneiras de se distribuir autoridade

1. Construa a igreja sobre o evangelho. Não importa quem está ensinando, o evangelho deve estar na frente e no centro. Mark estabeleceu esse padrão. Quando relacionamentos e estruturas de poder estão fundamentados no evangelho, as pessoas usam sua autoridade não para mandarem umas nas outras, mas para servirem umas às outras (Mt 20.25-28).

2. Estabeleça uma pluralidade de presbíteros do quadro de funcionários e de fora do quadro de funcionários. Em um conselho composto exclusivamente de presbíteros do quadro de funcionários, cada homem pode possuir um voto, mas a estrutura de funcionários impõe uma hierarquia. Adicionar presbíteros de fora do quadro de funcionários ao conselho quebra e nivela essa hierarquia.

3. Limite a porcentagem de pregações do pastor principal. Mark, de acordo com os presbíteros, limita-se a pregar de 50 a 65% das manhãs de domingo. Dessa maneira, outras vozes têm a chance de crescer e ganhar autoridade. Assim, a congregação depende mais da palavra do que de um homem.

4. Crie muitas outras oportunidades para ensinar. Nossa igreja possui cerca de 80 oportunidades de ensino para a EBD de adultos ao longo do ano (cada oportunidade consiste em uma turma de 7 a 13 semanas), assim como 52 chances de pregar num devocional de domingo à noite, e também 24 chances de ensinar no estudo bíblico da noite de quarta-feira. Somando, há cerca de 150 chances para outros homens lecionarem à congregação, e eu nem mencionei os pequenos grupos. Quando homens provam ser proficientes no ensino, eles acumulam autoridade.

5. Raramente (ou nunca) pregue no culto da noite de domingo. Mark nunca prega em nosso culto domingo à noite. Ao invés disso, a igreja ouve a Palavra de um presbítero ou um aspirante a presbítero.

6. Dê a seus jovens professores a chance de cometerem erros. Posso pensar em uma ou duas situações onde o professor ou pregador disse algo tão inapropriado que ele não foi chamado para ensinar novamente. Mas falando em geral, jovens professores têm muita margem em nossa igreja para serem tediosos e cometerem erros. Visto que a igreja depende mais da Palavra do que de Mark, ela tem muita paciência com os jovens rapazes.

7. Deixe outros roubarem as duas ideias. Mark livremente deixa outros professores dentro da igreja adaptar suas anedotas, tomar suas melhores falas e imitar suas mensagens.

8. Esteja disposto a perder votos dos presbíteros. Já ouvi falar de outros pastores sêniores que “nunca perdem votos”. Quando este é o caso, você quase pode também se livrar de seus presbíteros. Isso é minar a liderança deles!

9. Seja tardio em falar e fale com moderação em reuniões de presbitério. Três vezes por ano, os presbíteros recebem determinado número de pastores de outras igrejas para observar nossas reuniões. Tais pastores frequentemente mencionam a sua surpresa sobre o quão pouco Mark fala, e o quão dispostos são os outros presbíteros de discordarem dele.

10. Não seja o presidente das reuniões de presbitério ou assembleias. Dar a outro homem a chance de ser o presidente que define as pautas e lidera a reunião é uma maneira fácil de distribuir autoridade.

11. Deixe outros presbíteros falarem à congregação sobre questões difíceis nas assembleias. Quando se trata de falar à igreja sobre casos de disciplina, grandes decisões financeiras ou outros tópicos difíceis, o presbítero que está mais envolvido pode ser o melhor para falar à igreja publicamente.

12. Use uma “comissão de convites”. Se você é um pastor que recebe convites regulares para falar fora da igreja, use uma comissão de funcionários e/ou presbíteros para ajudá-lo a analisar tais convites. E esteja disposto a deixá-los guiar e até mesmo determinar a decisão.

13. Seja devotado a uma coisa na igreja e dê liberdade em todo o resto. Mark é grandemente devotado a preparar sermões e deixa todo o resto mais aberto. Então se você quer ver a igreja fazendo mais em uma área, ele deixa você fazer e mantém as próprias mãos longe. Esse processo “revela” outros líderes naturais.

14. Não microgerencie. Há poucas áreas que Mark microgerencia, como se certificar de que sua equipe está presente nas reuniões e nos cultos no horário. Mas em quase todo o resto, ele deixa livre a rédea. Microgerência não apenas esgota um líder, mas também mina a iniciativa de outros.

15. Reveja os cultos semanais. Separar um tempo na agenda semanal da liderança de uma igreja para dar e receber feedback quanto aos cultos de domingo ensina os homens a avaliar, pensar e amar melhor a congregação. Isso cresce nele como líderes. E ainda…

16. Esteja disposto a receber críticas. Mark define o exemplo convidando a crítica. Isso dá a outros aspirantes a líderes espaço para abrir suas asas. Se você nunca convida a crítica, você está ensinando a todos à sua volta que eles devem se conformar com suas preferências ou serem punidos. Líderes não crescem nesse tipo de ambiente. Eles tendem a desaparecer.

17. Convide presbíteros leigos para dar feedback sobre os cultos. Mark não exige que os presbíteros leigos compareçam à reunião de revisão de culto semanal, mas sempre os convida a comparecer e dar feedback.

18. Ore por outras igrejas e outras denominações. Orar publicamente por outras igrejas e denominações ajuda a derrotar o tribalismo e nos concentra no evangelho ao invés de focar no líder da igreja. Essa oração ainda gera mais iniciativa piedosa entre outros líderes em casulo na igreja.

19. Seja pronto a perdoar. Mark é uma das pessoas mais prontas para perdoar que eu conheço. Alternativamente, é difícil para um localizador-de-falha distribuir autoridade. Se você só vê as falhas, você não confia. Mas se você é pronto a perdoar, você acha mais fácil confiar e delegar a outros.

20. Alegre-se nas vitórias de outros. Você tem que ser aquele que faz a cesta, ou fica feliz em fazer a assistência? Mark se alegra nas vitórias dos outros tanto quanto nas dele mesmo. Se outra pessoa pode fazer o trabalho, ele prefere que ela faça. Isso o deixa livre para fazer outra coisa.

Como distribuir autoridade molda a cultura de uma igreja

Quando o líder “no topo” é caracterizado por generosamente dar autoridade a seus presbíteros leigos e outros na igreja, ele molda a cultura da igreja de maneiras maravilhosas.

1. Ajuda a manter o evangelho no ponto mais alto. Distribuir autoridade concentra os olhos da igreja em seus propósitos no evangelho ao invés de no líder.

2. Promove relacionamentos “reais”. Em um ambiente onde a autoridade é guardada de maneira egoísta, relacionamentos são caracterizados por política e estratégia. Todos ficam em guarda, vulnerabilidades não são expostas e a transparência diminui. Mas quando as pessoas se sentem autorizadas, é mais provável que elas sejam abertas e honestas.

3. Evita que a igreja seja tribalista. Um homem que continuamente distribui autoridade ensina àqueles à sua volta que ele está mais interessado no sucesso do evangelho, independente de quem está liderando (veja Fp 1.12 em diante).

4. Encoraja os membros a compartilharem recursos. Quando eu vejo que o líder não pensa primeiro em si mesmo, eu também fico inclinado a dar aos outros.

5. Destrói hierarquias sociais naturais. Nossa igreja é cheia de pessoas com empregos “impressionantes”, o tipo que cria hierarquias sociais. Então é surpreendente que os membros interajam como iguais. Por quê? Porque o evangelho é mantido no centro. Todos somos pecadores salvos pela graça. E também, Mark não usa sua posição para ficar mandando nos outros. Ele cria um padrão.

6. Cultiva confiança. Quando eu vejo que o líder não pensa primeiro em si mesmo, é mais fácil confiar em seus motivos, mesmo quando ele está me pedindo para fazer um sacrifício.

7. Cultiva a possibilidade de ensino e a disposição para receber críticas. Novamente, se eu confio no homem, eu me torno mais disposto a ouvir suas críticas dirigidas a mim. Eu confio que elas estão enraizadas no amor ao invés de estarem enraizadas na superioridade.

8. Promove disposição de perdoar. Quando o líder é pronto a perdoar os erros dos outros, ele estará mais disposto a confiar autoridade aos outros. Como resultado, isso ajuda os outros a fazerem o mesmo.

9. Encoraja a igreja a ter uma mente de treinamento. Uma igreja que vê o pastor continuamente trabalhando para treinar e delegar a outros terá dificuldade de não capturar a visão e compartilhá-la. Eles verão todos os frutos.

10. Ajuda uma igreja a ser concentrada no exterior. O processo de levantar e enviar líderes ajuda a igreja a perceber que seu objetivo não é apenas tornar nossa própria casa o melhor possível, mas ajudar outras casas a se tornarem mais felizes e saudáveis também.

Ao mesmo tempo, delegar pode ser feito de maneira pobre ou preguiçosa. É necessário sabedoria para delegar bem. Eu já ouvi Mark dizer que ele assume que Deus deu a todos algum instrumento para tocar na orquestra, e parte de seu trabalho é ajudar as pessoas a descobrir qual é o seu instrumento.

A pergunta fala direto à postura do coração: nós estamos felizes em ver outros ganharem autoridade ou nós a guardamos com egoísmo, com medo de que outra pessoa possa nos ultrapassar? Se a resposta for a primeira, o que estamos fazendo para espalhar autoridade?


Autor: Jonathan Leeman

Jonathan Leeman é graduado em Jornalismo, possui mestrado em Divindade pelo Southern Baptist Seminary (EUA) e Ph.D. em Eclesiologia. É diretor de comunicação do Ministério 9Marks.

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O TGC é uma comunidade de igrejas evangélicas, comprometidas com a renovação da fé no evangelho de Cristo.

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