quinta-feira, 18 de abril

Cristo e o Tabernáculo: A Bacia de Bronze

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Conforme os adoradores israelitas iam adentrando os pátios do tabernáculo e do templo, diferentes visões, sons e cheiros os arremetiam. Fora da constante atividade dos sacerdotes, enquanto ministravam diante do Senhor, uma óbvia realidade envolvia os participantes: o ritual do sacrifício era algo sujo. O pecado criou uma brecha no relacionamento da humanidade com Deus e trouxe corrupção moral, claramente simbolizada na mistura de sangue e sujeira nas vestes e corpos dos sacerdotes.

No entanto, dentro dos pátios, o Santo de Israel havia colocado utensílios pelos quais Aarão e seus descendentes deveriam cerimonialmente purificar-se e consagrar-se pois representavam Israel no componente mais fundamental e importante da existência humana, a adoração. Esses recipientes eram a bacia de bronze do tabernáculo e o mar de fundição do templo.

O livro de Êxodo registra poucos detalhes sobre a construção da bacia de bronze (Êx 30.17-21). O Senhor manda Moisés fazer a bacia e seu suporte de bronze, mas ele não prescreve dimensões para a bacia. Em vez disso, ele enfatiza sua localização e função: “Pô-la-ás entre a tenda da congregação e o altar” (v.18), “Nela, Arão e seus filhos lavarão as mãos e os pés. Quando entrarem na tenda da congregação, lavar-se-ão com água, para que não morram” (v. 19-20).

Segue-se então uma advertência: “Lavarão, pois, as mãos e os pés, para que não morram” (v. 21). Essa determinação revela o objetivo principal da bacia. O altar e a tenda da congregação serviam como o caminho de ligação através do qual o sacerdote, e pela sua mediação, Israel como um todo, entravam na presença do Deus santo. Em sua presença, há somente duas opções: a morte devido à contaminação ou a adoração através da pureza. A lavagem com água era a forma provisória e repetitiva, providenciada pelo Senhor, pela qual os sacerdotes eram submetidos a purificação ritual e assim pudessem ministrar em sua presença.

Embora o formato da bacia de bronze tenha sofrido alterações condizentes com a glória do templo no Monte Sião, sua função primária como meio de purificação ritual permaneceu inalterada. Seguindo as instruções reveladas a Davi (1Cr 28.19), Salomão lançou uma estrutura de bronze monumental, o “mar de fundição”, um tanque de mais de dois metros de profundidade, com um diâmetro de quase cinco metros, onde havia quase quarenta mil litros de água, este recipiente apresentava uma borda “como a flor do lírio” e com duas fileiras circundantes de representações de frutos (1Rs 7.23-26). Quatro conjuntos, de três bois de bronze cada, apoiavam o mar, cada conjunto voltado para um dos quatro pontos cardeais.

Os autores bíblicos novamente se concentram menos em detalhes e mais em simbolismo e propósito. Como um boi selvagem (Nm 24.8), o Senhor, “majestoso em santidade”, pisoteara todos os inimigos físicos e existenciais, estabeleceu seu santuário terrestre em Sião (Êx 15. 13,17) e prescreveu leis para sua adoração. Como testemunhas maravilhadas com o poder e a pureza da santidade de Deus, representada pelo mar de fundição, muitas pessoas devem ter ecoado as palavras de Davi no Salmo 15: “Quem, Senhor, habitará no teu tabernáculo? Quem há de morar no teu monte santo”? (V.1).

A resposta de Davi à sua própria pergunta – “O que vive com integridade, e pratica a justiça, e, de coração, fala a verdade” (v. 2) ­– demonstra que a bacia e o mar de fundição ofereciam mais do que somente a lavagem com água, eles apontavam para uma realidade maior: a entrada na presença de Deus exigia pureza moral. A provisão de um ritual de purificação, pelo Senhor, consagrou Arão e seus descendentes ao serviço mas não os livrou de seus pecados. Pelo contrário, a necessidade de se lavarem continuamente enfatizava sua impureza, sua incapacidade de se manterem puros e a paciência de Deus diante da necessidade de punição por seus pecados (Rm 3.25), até o momento em que fosse comissionado outro sumo sacerdote, à semelhança de Melquisedeque, “santo, inculpável, sem mácula, separado dos pecadores” (Hb 7.26), para tratar a contaminação. Este Sumo Sacerdote inocente, Jesus, “amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela, para que a santificasse, tendo-a purificado por meio da lavagem de água pela palavra, para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem defeito” (Ef 5.25-27).

A lavagem “de uma vez por todas”, simbolizada pelo batismo, ocorre quando os pecadores corrompidos se arrependem de seus pecados, pela fé recebem as promessas de Deus proclamadas em sua Palavra e cumpridas em Jesus, unindo se a ele. Através desta união, os crentes rompem com suas vidas antigas e iniciam um processo de santificação no qual eles vão assumindo as qualidades de seu Salvador, que assegurará a conclusão da santificação e um lugar onde eles viverão, para sempre, na presença do Deus Santo.

 

Tradução: Paulo Reiss Junior.

Revisão: Vinicius Musselman Pimentel.

Fonte: The Bronze Basin.


Autor: Justin E. Estrada

Justin E. Estrada foi editor associado da revista Tabletalk. Ele é formado pela University of Pennsylvania, pelo Reformed Theological Seminary (Jackson) e pela University of Oxford.

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