sábado, 20 de abril

O papel da pregação

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O texto abaixo foi extraído do livro Igreja em Lugares Difíceis, Mez McConnell e Mike McKinley, da Editora Fiel.

 

Eu (Mike) gostaria de lhe contar a respeito de um sermão que preguei num domingo pela manhã. De vez em quando, um pregador é capaz de dizer que marcou um “gol de placa” com o sermão. A introdução captou a atenção das pessoas; a explicação textual foi excelente; as ilustrações, esclarecedoras; e a aplicação depositou sobre a congregação o peso daquele texto. O Espírito Santo mantém a congregação em silêncio. Momentos como esses na pregação são um deleite.

Mas, com certeza, foi exatamente isso o que não aconteceu num sermão que preguei. Sentia como se meu sermão fosse uma bagunça. Estava na segunda metade de uma série em Jeremias. Honestamente, eu não planejei bem aquela série. As passagens eram longuíssimas. Os temas estavam se tornando repetitivos. E eu temia que os sermões não estivessem ajudando a congregação a compreender a estrutura do livro. Por volta da metade desse sermão em particular, comecei a experimentar o oposto do sentimento do “gol de placa”. A congregação estava impaciente e alguns começaram a tossir. Apenas os mais dedicados mantinham contato visual. Os pontos do sermão pareciam óbvios e nada interessantes. Ao invés de marcar um “gol de placa”, sentia como se estivesse chutando na direção errada, marcando um “gol contra”.

Então, pela misericórdia de Deus, o sermão chegou ao final. Cantamos um hino de encerramento enquanto eu retornava abatido para o meu assento. O culto foi encerrado. À medida que as pessoas passavam por mim rumo à porta da igreja, eu era capaz de perceber que elas lutavam para dizer algo gentil e verdadeiro ao mesmo tempo.

Uma senhora caminhava lentamente entre as pessoas, esperando sua vez para falar comigo. Ela se apresentou como uma mãe solteira vinda da Colômbia. Parece que um amigo dela a havia convidado para a igreja depois de uma noite de muita farra. Quando finalmente perguntei como poderia ajudá-la, ela disse: “No sermão, o senhor falou sobre seguir Cristo. Quero fazer isso. O senhor pode me falar mais sobre isso?”.

Fiquei chocado. Sim, o evangelho foi claro naquele sermão (pelo menos essa parte eu acertei!), mas foi apresentado num sermão longe de ser convincente. Mas lá estava diante da mulher convencida de seu pecado e da necessidade de Cristo!

Eu certamente não desejo fazer a pregação de sermões entediantes e fracos um hábito. Mas essa situação me lembrou do poder existente na pregação semanal que a igreja faz.

Sendo assim, à medida que caminhamos pelas formas através das quais a igreja pode alcançar comunidades carentes com o evangelho, precisamos lembrar que todas as quatro estratégias e planos não podem substituir a pregação fiel da Bíblia. Na realidade, isso é o que de mais importante devemos fazer.

Pregue a Bíblia

O trabalho da igreja em locais carentes pode ser intimidador. Conforme discutimos ao longo deste livro, os desafios para esse tipo de ministério são inúmeros, e o progresso normalmente é lento. Enquanto estratégias e métodos para se alcançar comunidades podem parecer diferentes de um lugar para o outro, Mez e eu estamos convencidos de que o que as pessoas mais necessitam em áreas carentes é da Palavra de Deus. As pessoas nessas comunidades podem muito bem ter necessidades agudas de reabilitação de drogas ou de álcool, de educação, de alimento e de oportunidades profissionais, mas nenhuma dessas necessidades é tão primordial quanto a que têm da Bíblia. Afinal de contas, a Bíblia é o meio designado por Deus para levar vida espiritual ao homem. Desde a fala de Deus que trouxe o universo à existência, passando pelo chamado de Abraão, ao “assim diz o Senhor” dos profetas, a Palavra de Deus é o que cria, molda e fornece vida ao seu povo. Não é sem motivo que Cristo vem como o Verbo em carne, a principal comunicação de Deus com o seu povo (Hebreus 1.1,2). E é por meio da Bíblia que Deus revela quem é, o que fez, e como devemos responder a isso. A Palavra de Deus é o meio pelo qual ele traz para si um povo (Romanos 10.17).

Tenho de admitir que essa parece ser uma abordagem estranha. Que bem um livro antigo é capaz de trazer diante da pobreza generalizada, de ciclos de abuso sexual, de vício em drogas e de desesperança? Observe o que a Bíblia tem a dizer a respeito do poder da Palavra de Deus:

• Paulo aos líderes em Éfeso: “Agora, pois, encomendo-vos ao Senhor e à palavra da sua graça, que tem poder para vos edificar e dar herança entre todos os que são santificados” (Atos 20.32).

• Paulo à igreja em Roma: “Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego” (Romanos 1.16).

• E novamente: “Como, porém, invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem nada ouviram? E como ouvirão, se não há quem pregue?… E, assim, a fé vem pela pregação, e a pregação, pela palavra de Cristo” (Romanos 10.14,17).

• O autor de Hebreus declara: “Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração” (Hebreus 4.12).

Muitas igrejas jamais tentam ministrar aos pobres, pois se sentem diante de uma batalha para a qual não estão equipados. Outros entram com tudo na batalha, mas usando as armas erradas. Eles vão com folhetos e programas sociais, entretanto com pouca mudança de vida ou fruto visível. Mas a Palavra de Deus é uma espada de dois gumes. Ela é capaz de penetrar qualquer coração. A Bíblia é onde encontramos a mensagem do evangelho, o poder de Deus para a salvação. Se tivermos a Palavra de Deus aplicada pelo Espírito de Deus, temos todos os recursos de que precisamos para ministrar em qualquer comunidade.

 


Autor: Mez McConnell

É pastor sênior da Niddrie Community Church, Edimburgo, Escócia. É fundador do 20schemes, um ministério voltado para plantação de igrejas nos lugares mais difíceis da Escócia. Desde 1999, McConnell tem se envolvido com o ministério pastoral, tanto em plantação quanto revitalização.

Parceiro: 20schemes

20schemes
20schemes existe para edificar igrejas saudáveis centradas no evangelho para as comunidades mais pobres da Escócia.

Ministério: Ministério Fiel

Ministério Fiel
Ministério Fiel: Apoiando a Igreja de Deus.

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